Instrução Leonística: A Bengala Branca

A bengala branca é o símbolo internacional de independência, mobilidade e segurança para as pessoas que são cegas ou deficientes visuais.

As grandes ideias muitas vezes levam séculos até que se formem e se estabeleçam de vez. A bengala branca, um apoio agora universal e indispensável para os cegos, seguiu este caminho. Ela passou a ter amplo uso em 1930, quando duas pessoas preocupadas em resolver um problema pararam em esquinas de ruas movimentadas milhares de quilômetros de distância uma da outra: uma em Paris, França, e a outra em Peoria, Illinois, nos EUA.
Ao longo da história, as pessoas com deficiências visuais carregaram bengalas e bastões que os ajudava a contornar os obstáculos. Mas, elas passaram a enfrentar novos desafios terríveis no século 20, quando os carros substituíram as carruagens nas ruas das cidades, as quais frequentemente não tinham semáforos e faixas de pedestres. A bengala normal ainda funcionava como uma ferramenta para abrir caminho, mas era inútil para alertar os motoristas. Um inglês cego que se chamava James Biggs alegou ter encontrado uma solução em 1921, quando pintou a sua bengala de branco. Uma década mais tarde, esta simples invenção começou a ganhar força.
A bengala branca chegou primeiro à Europa continental através de uma campanha feita por uma única mulher. De sua casa, na movimentada Boulevard de Courcelles, uma parisiense rica que se chamava Mme. Guilly d’Herbemont assistia muito nervosa enquanto estudantes cegos deslocavam-se a uma escola para cegos próxima. Em novembro de 1930, ela escreveu uma carta a um dos principais jornais de Paris pedindo que fosse adotado o uso para sinalização de batons blancs semelhantes àqueles usados pela polícia de trânsito. Poucos meses depois, a Mme. d’Herbemont organizou para que o presidente francês oferecesse em uma cerimônia formal uma bengala branca a um veterano de guerra cego e outra a um civil cego. Ela então fez doações pessoais de mais 5.000 bengalas brancas para cegos moradores da cidade.
Enquanto isto, o Presidente do Lions Clube de Peoria George A. Bonham reuniu a ajuda de milhares de parceiros, quando introduziu o uso da bengala branca na América do Norte. Os Leões tinham acatado com entusiasmo a convocação de Helen Keller para ajudar os cegos na Convenção de Lions Clubes International cinco anos antes. Agora, eles estavam preparados para agir em apoio a uma nova ideia convincente para servir trazida por um companheiro Leão.
Como a sua colega parisiense, Bonham ficou movido um dia em 1930, no centro de Peoria, quando viu um cego batendo a bengala a sua volta, impotente, enquanto os carros desviavam dele. Parecia que ninguém percebia o dilema do homem, o que levou Bonham a pensar numa solução. A resposta novamente foi a bengala branca, desta vez com uma faixa vermelha para uma visibilidade ainda maior. Bonham contou a sua ideia aos associados do clube, os quais imediatamente votaram endossando a ideia. Os associados adotaram a causa, pintando bengalas de branco para os cegos e escrevendo cartas às autoridades municipais. Em dezembro de 1930, a Câmara Municipal de Peoria aprovou a primeira “lei de segurança da bengala branca”, da nação dando aos cidadãos cegos o direito preferencial de passagem e outras proteções quando estiverem carregando uma bengala branca.
Na convenção internacional de 1931 em Toronto, Canadá, os Leões escutaram uma apresentação detalhada sobre o programa da bengala branca e receberam cópias da portaria de Peoria para que levassem para casa. Em 1956, com a ajuda de uma ampla campanha de sensibilização e defesa, todos os estados dos Estados Unidos já tinham aprovado leis de segurança da bengala branca.
A bengala branca tornou-se um símbolo de independência, confiança e habilidades daqueles que dependem dela para orientar a sua caminhada pela vida. Todo dia 15 de outubro, o Dia Internacional de Segurança da Bengala Branca, muitos Leões usam um distintivo de lapela da bengala branca, lembrando-nos de quão longa já é a nossa caminhada juntos.